Texto: Sonielson Luciano de Sousa
Fotos (ao final): Vania Santos
Entre os dias 30 de dezembro e seis de janeiro último, mais de 100 pessoas trocaram o barulho e a agitação urbana por um sossegado retiro budista, no templo campestre do Jardim do Dharma, em Cotia, na grande São Paulo. Cercados pela vegetação imponente da Mata Atlântica e pelas suntuosas estupas (monumentos que representam, dentre tantas coisas, o próprio corpo do Buddha) que compõem o local, os participantes se entregaram aos estudos, ao silêncio, às práticas budistas e, sobretudo, ao treino do companheirismo.
Este retiro de fim de ano é realizado há mais de 10 anos, mas de acordo com a diretora do Jardim do Dharma, Angela Soci, certamente esta edição se destacou pela quantidade e qualidade de participantes. Já o Lama Zopa Norbu (professor Roque E. Severino), que esteve à frente das atividades, disse que ficou surpreso, uma vez que esperava apenas os praticantes mais antigos. Porém, “fomos surpreendidos por uma quantidade muito grande de pessoas que não conheciam o Budismo e queriam conhecer, assim como se refugiar num local onde a paz e a alegria reinaram”, disse.
E os benefícios para quem “trocou” as tradicionais festas de virada de ano pelo trabalho de nutrição interna são imensos. “Pelos depoimentos que recebi, o beneficio é para toda a vida”, diz Zopa Norbu, ao acrescentar que a maioria dos alunos chegou desconfiada com o ambiente, com o que iriam encontrar, “no entanto descobriram pessoas que querem o bem, sem precisar manipular mentalmente ou emocionalmente”.
Esta reação, certamente, vem em resposta à própria postura do Lama Zopa e da diretora Angela Soci, que imprimem uma forma de relacionar-se com os alunos baseada na sinceridade e honestidade. “As pessoas respondem com o mais sagrado de sua confiança e isto não pode ser traído de nenhuma forma”, conta o Lama.
Encontros individuais
Durante o retiro, um ponto a ser destacado foi o encontro pessoal que o Lama Zopa Norbu teve com os participantes. “Meu Mestre Bokar Tulku Rimpoche fazia isso; não importava quantos alunos estivessem em seus seminários ele fazia questão de ter um contato pessoal com cada um deles. Assim fez comigo durante 15 anos de relacionamento até ele falecer em 2004”.
Para a gaúcha de Porto Alegre Maria de Lourdes Darcie, que se programou para um retiro de quase um mês no Jardim do Dharma, a oportunidade de receber instruções diretamente do Lama é extremamente enriquecedora. “Ouvir uma orientação direta é algo que faz grande diferença em nossos treinos. Meu desejo é ser cada vez melhor, para que assim possa ter ainda mais condições de ajudar outras pessoas”, disse.
Impressões
Assim como Maria de Lourdes Darcie que veio do Rio Grande do Sul, entre as mais de 100 pessoas podia-se ver gente de São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Paraíba, Tocantins e vários outros estados. Dividiram o mesmo local tanto os praticantes mais antigos, como o músico e empresário brasiliense radicado em São Paulo Joaquim Vasconcellos, de 37 anos, quanto pessoas que recém descobriram o centro budista, como a curitibana Fernanda Grigolin. “Espero que tenhamos conseguido deixar as pessoas que vieram pela primeira vez à vontade, é como uma grande família que só aumenta”, destaca Joaquim, que é conhecido pelo grupo como Quim. Ele acrescenta que, como sempre, o retiro foi maravilhoso, em especial por dois motivos: “muita gente nova (sinal que as bênçãos da linhagem estão se expandindo cada vez mais)”, e por todos terem recebido um ensinamento muito precioso.
Ainda sobre os ensinamentos transmitidos pelo Lama Zopa Norbu, Quim diz que estes foram interessantíssimos, “pois mostraram uma nova abordagem da divindade que está em cada um de nós”.
Motivação
Para o consultor de informática Douglas Mancini Consolaro, de 27 anos, que freqüenta o Jardim do Dharma há apenas três meses, o que o motivou a participar do retiro foi a possibilidade de se aprofundar na prática do budismo Vajrayana sob a orientação do Lama Zopa, “bem como aproveitar a maravilhosa oportunidade de se concentrar no estudo e prática do Dharma ao longo de alguns dias de uma forma mais intensa, sem a interferência das atividades de trabalho e obrigações corriqueiras”.
Douglas avaliou o retiro como excelente, e disse que o contato com o Lama, com o grupo e com as estupas gera grande harmonia e inspiração. “As atividades são bem organizadas e planejadas de forma a todos conseguirem usufruir ao máximo de cada parte, independentemente de ser o seu primeiro contato ou não”. Outro ponto enfocado por Consolaro é que as pessoas se mostraram abertas a compartilhar e auxiliar no que for preciso.
Sobre os ensinamentos recebidos no retiro, o consultor de informática diz que são valiosos e auxiliam de acordo com a capacidade de realização e compreensão de cada um. “Os ensinamentos cobrem as 3 visões da filosofia budista - Hinayana, Mahayana e Vajrayana - em seu nível filosófico. É maravilhoso poder estar em contato com este conjunto tão vasto e profundo de ensinamentos”. Douglas destaca a possibilidade de tirar todas as dúvidas e de “sempre ser banhado com uma quantidade enorme de conhecimento”. Para finalizar, diz que “não há como não se identificar com os exemplos expostos e se descobrir mais e mais a cada encontro”.
Futuro
Para este ano de 2012, o Lama Zopa Norbu diz que o Jardim do Dharma irá oferecer muita instrução filosófica e prática sobre a meditação e os estados de consciência. “Nosso centro se especializa na meditação como uma disciplina que purifica a mente e os estados aflitivos de nossa consciência. Então qualquer pessoa pode participar, ainda que ele não conheça o Budismo”, relata.
O Lama Zopa também lembra que ao compilar um Manual de Budismo – que pode ser adquirido gratuitamente – o objetivo é criar essa aproximação de praticantes recentes e antigos com o vasto conhecimento oriental. “Também teremos os retiros individuais de meditação onde eu pessoalmente supervisionarei o desenvolvimento individual do aluno”, disse, oferecendo a oportunidade para que cada pessoa possa ter, em 2012, um acompanhamento pessoal. “E sua meditação lhe será assinada após uma entrevista particular comigo”, pontua.
Para finalizar, o Lama Zopa Norbu diz que no Jardim do Dharma, o mais importante é que o aluno realmente treine para se livrar dos estados mentais aflitivos, para parar de sofrer. “Meu compromisso está relacionado a este item, farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar a todo buscador sincero da sabedoria eterna”.
Dias e horários de práticas:
- Terças-feiras - das 19h00 às 20h00: Meditação Shiné (Pacificação Mental), com aulas introdutórias, sob a orientação de Alice Hayashibara
- Quartas-feiras - das 07h00 às 08h00: Prática da Sadhana da Mãe Libertadora
- Quartas-feiras - das 18h30 às 19h30: Prática da Sadhana de Chenrezig (o Buda da Compaixão) + Prática de Tsur Chö (para auxiliar os seres falecidos)
- Na Sede Campestre:
- Retiros mensais, durante um final de semana
CLIQUE AQUI para ver todo o cronograma de retiros em 2012
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